domingo, 1 de abril de 2012

Guerra de Lágrimas, por Thayná A. Caetano




Nome: Thayná A. Caetano
Blog: Kawai Candy
Endereço: Ribeirão Pires - SP



Em um dia qualquer de verão na Alemanha, em 1915, a chuva gélida caía rapidamente lá fora, enquanto eu a observava de janela de casa com meus pensamentos soltos. Hmm... Chuva...
- Ei mamãe, quando o papai vai chegar?
Ela sempre ficava pálida quando eu perguntava isso. Ficava quieta por um tempo, e logo depois respondia "Daqui a pouco, meu bem. Daqui a pouco" Mas daqui a pouco quando? E se começar a trovejar? Quem irá me proteger dessa chuva assustadora, hein? Refletia sobre isso todos os dias enquanto ouvia os tumultos e tiros nas ruas. Mamãe não me deixava mais brincar no parque, ficávamos em casa o dia todo. "Está tudo bem, temos estoque de comida o suficiente para vivermos, filha". Mas porque ficar trancada o dia todo em casa enquanto o dia era tão belo na cidade? Ela não respondia.

"Se não posso ir ao parque, com quem vou brincar?" eu perguntava isso com muita frequencia, e ela apenas colocava a mão em sua barriga enorme e respondia com um sorriso "Com seu irmãozinho. Assim como o papai, ele logo logo vai chegar". Isso é muito tedioso, mamãe! Os dois estão demorando muito! Fico pensando toda hora em que um dia meu irmão vai chegar e, junto com papai, vamos brincar alegremente, como nos velhos tempos. Isso me animava , mas as coisas estavam muito estranhas naquela época. Por qual motivo papai teria saído ás pressas de casa e ficado longe de nós por tanto tempo sem dar noticias? Poxa, já se passou muito tempo! Quando isso vai acabar? Eu não estou entendendo mais nada!

As vezes, quando ficava com insonia, ia para a cozinha pegar um pouquinho de leite para ver se isso me tranquilizaria e, quando passava em frente ao quarto de mamãe, ouvia gemidos e palavras de desespero vindas dela, que sempre chorava e repetia sem parar "Volte para casa, por favor. Eu imploro...". Gostaria de ajudá-la, mas tinha medo de perguntar o que a aborrecia...

Certo dia, uma homem meio velho de bigode que aparentava ter uns 50 anos, e que usava as mesmas roupas que o papai costumava usar, veio em casa para dar um recado para mamãe. Fiquei escondida no quarto observando por uma brecha na porta, enquanto pensava o por que dele estar usando as mesmas roupas do papai. Eles conversaram por uns três minutos. Não entendi muito bem o que diziam, mas mamãe arregalou os olhos ao ouvir as palavras "morto em combate". Logo o homem vai embora e ela corre para o quarto gritando e em pratos. Tentai acalma-la e saber o que estava acontecendo, mas ela não quis me contar. Minha mente estava confusa. Naquela época, mal sabia eu que estavamos em plena Primeira Guerra Mundial e que papai nunca mais iria voltar para casa.


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