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Blog Pandora abriu sua caixa de Carolina Rieger

Carolina foi a ganhadora do nosso concurso literário, com o texto A Matemática do Assalariado, clique aqui em cima para visitar o blog dela!

sábado, 21 de abril de 2012

De Tudo Um pouco: 3ª Edição

Olá pessoal, a quanto tempo não escrevemos no de tudo um pouco, pois bem vamos ao que interessa, muita coisa anda acontecendo e estamos sempre por dentro de tudo o que anda rolando por aí. 


Na literatura podemos destacar um dos livros mais vendidos nesta semana segundo a editora veja e se tornou o livro mais vendido da lista do The New York Times, é o livro O Festim dos Corvos , o volume 4 da série Crônicas de Gelo e Fogo escrita por George R. R. Martin


Leia um trecho do livro clicando no link abaixo.


O menos preço encontrado no dia 21/04 às 21:40 é de 26,91 no site Extra.com.br






No mundo da música a novidade fica pelo cancelamento da venda de ingressos para o show de Madona em São Paulo, segundo o PROCON existe irregularidades na venda dos ingressos. 



Outra novidade no mundo da música foi o lançamento do clipe Vênus da banda Razzy, que trás a ex-BBB Angélica Morango beijando outra garota dentro de uma banheira. Polêmico ou não, o clipe foi assistido por quase 10 mil pessoas em menos de 5 dias. Clique aqui para ver.



No cinema o que está gerando um alvoroço grande, é a espera para o lançamento do filme da Marvel Os Vingadores




Sinopse
Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johanson) e Nick Fury (Samuel L. Jackson) são alguns dos heróis da Marvel que se reúnem na agência de espionagem internacional S.H.I.E.L.D. para defender o planeta e a humanidade de ameaças intergalácticas.










Assista o Trailer:






E estamos com uma novidade aqui no blog que promete dar certo, estamos lançando em seguida uma série de postagens chamada Na Estante, será um espaço para você leitor divulgar o seu livro, entre em contato conosco e veja como irá funcionar, a postagem trará uma entrevista com o escritor do livro, a resenha e o link para compra do seu livro, uma forma totalmente gratuita de divulgar seu livro! 
Até o próximo De Tudo Um Pouco 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Encerradas as inscrições do concurso!!!

As inscrições para o concurso estão encerradas, foram vários textos, contos e poemas enviados. Fiquei até surpreso pelo número de inscritos.
A votação no blog e no Facebook começam hoje mesmo, os textos serão enviados aos autores até o fim da semana para avaliação deles, após 10 dias eles nos enviarão o texto escolhido.

O monitoramento do direcionamento de tráfego através do Analitycs começará do dia 18 ao dia 28, lembrando que só será válido no caso de empate.




OBS: Importante, foram desclassificados alguns textos que estavam fora da regra, continham mais que 100 linhas, os textos foram formatados com fonte Arial tamanho 11. Alguns escritores desistiram do concurso e ainda aguardamos a url do blog de uma participante que se inscreveu e não colocou a URL do seu blog. Ainda estamos discutindo uma possível punição na pontuação a blogueiros que deixaram faltando dados no cadastro.




Texto e autores inscritos.





O texto em análise significa que ocorreu alguma erro na hora do cadastro, ou do sistema, ou do escritor, enviamos um e-mail e aguardamos a resposta.



Espero que todos tenham gostado do concurso, prometo que vou procurar fazer outros e melhorar os prêmios, entrei em contato com algumas empresas de registros de domínio para premiar os ganhadores, mas até então não obtive resposta, e ainda estou no aguardo, que sabe até o final do concurso.

domingo, 15 de abril de 2012

A matemática do assalariado, por Carolina Rieger Massetti


Nome: Carolina Rieger Massetti
Endereço: São Paulo - SP
Blog: Pandora Abriu a Caixa



Li algo parecido com “a regra é não esquentar a cabeça”, e nesse exato momento sentia a cabeça fervilhando.  
Ia pela calçada fazendo as contas de tudo o que devo, diminuído do meu humilde salário, quando constatei que me sobrariam R$ 40,00 até o final do próximo mês.
Ah, claro! As contas eram sobre o salário que virá daqui a quinze dias, porque o desse mês já foi e hoje, justamente hoje, dele já não me resta mais nada.
Vinha atormentada pela matemática do assalariado quando torci o pé na porra de um buraco na calçada, senti a sola do sapato solta. Pensei: Meu único sapato, preciso comprar um novo!  Mas, como?! Foi o que me perguntei.
A frase infame ressoava na minha cabeça, então contive o palavrão, me recompus, ajeitei a sola no sapato e segui crente.
A regra é não esquentar a cabeça!
Lembrei do cano estourado no banheiro e da facada que o pedreiro, metido a encanador, me enfiara quando fez o orçamento. Novamente as contas, o dinheiro, a matemática do assalariado.
Um calor! Sol de trinta graus no verão da cinza cidade de São Paulo. Bem... O próprio Sol contribuía para esquentar ainda mais minha cabeça.
Uma sede! Bem que eu poderia tomar uma gelada, mas já não tinha um centavo. É, tinha aquele que o banco dispusera na minha conta, afinal, posso estar sempre dura, mas as contas eu sempre pago em dia.
Liguei para uma amiga:
- Então, vamos tomar uma cerveja?
- Ah, já estou perto de casa, hoje não posso.
- Tudo bem!
Tentei outra, ao que ela respondeu:
- Já te ligo confirmando.
Esperei meia hora, quarenta, cinqüenta minutos... Levei um bolo, era a constatação final. Claro, porque eu ainda acho que tenho direito de ter amigos, e além do mais, a regra é não esquentar a cabeça.
Sentia-me pobre, rota, sozinha e não podia deixar de desconfiar que a qualquer momento um cão viria mijar nas minhas pernas.
Decidi beber sozinha. Olhei um bar, outro... Todos olharam para mim, afinal, dentro deles só havia homens.
Putz, além de tudo sou mulher, se eu sentar sozinha em uma mesa de um desses botecos eles vão achar que eu sou puta ou sei lá, que eu to facinha.
Foi quando a frase ressoou novamente na minha cabeça: “A regra é não esquentar a cabeça”.
Gritei um foda-se em alto e bom som! Foda-se! Quem concebeu essa frase deve ter feito sob efeito de uma boa champagne, com a conta gorda e segurança social. Foda-se!
Então entrei sozinha no boteco mais sujo que tinha por ali, pedi uma cerveja bem gelada, banquei a sapatão e paguei a conta com o dinheiro do banco.


Viva as Estações, por Linda Lacerda



Nome: Linda Lacerda
Endereço: Vila Velha - ES
Blog: Retalhos de Mim



Desejo que você viva sua vida como a terra vive as suas estações. Que você tenha a sabedoria dos pássaros que voam em busca de outras paragens, até que se passem os tempos ruins. Que no inverno dos seus dias, onde até alguns corações se tornam frios, você adormeça na esperança de receber a primavera, aproveite o seu esplendor e no calor do seu peito os aqueça .Que como as flores, exale perfume e inebrie o mundo. Que você saiba transformar os seus sonhos em realidade, como as sementes se transformam em frutos e que esses mesmos frutos produzam bálsamo que alivie a dor e que sejam alimento para os que têm fome do bem. Que o orvalho da esperança regue suas folhas que se chamam pelo nome de certeza. Que suas raízes sejam firmadas na rocha, para que resistam às tempestades que por vezes assolam a nossa vida. Que você saiba colher cada florzinha, sejam elas de estufa ou do campo; Que retire com cuidado espinhos que porventura tenham e que se não for possível, aceite-as como são e cultive cada uma delas no aconchego do seu coração. .. Que dos seus olhos emanem raios de esperança para mantê-las vivas e que você saiba enfeitar a sua vida com essas mesmas flores. Que aos olhos dos que lhe cercam, você brilhe como o sol do meio- dia e que o seu interior irradie raios de alegria. Que no campo fértil dos seus sentimentos mansos regatos corram e refrigerem a alma dos que têm sede de paz e que eles possam repousar sob a ternura do seu olhar. Que quando as mãos do destino lhe podarem, você se refaça e que os seus brotos destilem a seiva do otimismo e que como chuva temporã, regue corações secos que adormeceram no desamor. Que no frio, o calor do seu abraço aqueça outros braços e que a alegria faça morada em seu seio, para que a nostalgia não invada sua alma nem o seu olhar... Que na parte que lhe coube plantar uma vinha, que ela seja de justiça, que nela você semeie somente o bem e que o terreno do seu coração seja fértil para germinar o amor... Que suas mãos se estendam aos que o cansaço fez sentar à beira do caminho. Que as estações da sua vida sejam distintas, para que outros se apercebam dos seus frutos, do seu florescer e do seu calor, para que vejam o desabrochar do amor que provem de você. . Desejo que a fé seja o seu firme fundamento na construção do impossível e que nela você faça degraus que levem você alcançar os seus sonhos e anelos. Que se encontrar pedras no caminho, tenha a humildade de recolhê-las, para que os pés dos que lhe seguem não se firam. E que se grandes ondas lhe cercarem você se eleve e caminhe sobre as águas e que o espelho dessas mesmas águas reflita tudo o que de bom você propiciou aos que lhe acompanham enquanto está aqui. Que no verão o sol seja presença constante em seu viver , que no inverno os corações se sintam aquecidos pelas suas mãos calorosas e que sempre carregue nos ombros o manto que aquece toda amizade sincera. Que você descubra que os bons corações às vezes hibernam, para voltarem melhores na primavera. Que a sua vida seja um buquê de sempre-viva e amor- perfeito ofertado a todos quantos assistem o despontar da luz que habita em você. Desejo que seja arco íris depois da chuva e bonança depois da tempestade. Que no verão você seja a gota de orvalho que cintila nos olhos dos que perderam a esperança. Que você seja brisa mansa que acaricia corações que sofrem e vento que seca as lágrimas dos que choram... Que no inverno das suas vidas, as pessoas alcem voos a ti, como aves de arribação em busca de outros verões e que os raios do seu sol interior lhes aqueçam. Que você seja sombra que dá refúgio aos cansados e que ela se estenda a todos os viageiros que lhe procuram como abrigo das intempéries da vida e que no seu coração o amor construa um ninho. Que no outono da sua existência, quando se tingirem de prata os seus cabelos e seus olhos já não possuírem o mesmo brilho e quando lhe for levada a maciez da sua tez e o verdor da sua juventude, você ainda olhe o mundo com alegria. Que os bons ventos alísios tragam nas asas sopros que afastem da sua cabeça a nuvem do desengano que um dia quis pairar sobre ela. Que nessa estação, você ainda tenha forças para dar largas passadas em busca da paz e que ao alcançá-la, empunhe a sua bandeira e grite ao infinito que a busca acabou e a dissemine ao mundo no tempo que lhe resta. Que nessa jornada ela seja sua companheira de viagem e que nessa estrada a tristeza lhe perca de vista .Que depois da primeira curva a alegria esteja a lhe esperar e que caminhe de mãos dadas com você. E quando o tempo que nos traz e nos leva a todos lhe fizer alçar voo rumo ao fim, que o anjos lhe abram passagem na passarela infinita do éter e que você possa calar fundo ao mundo e a todos que nele lhe foram caros e que você receba como prêmio o galardão reservado àqueles que tornaram melhores os dias dos que compartilharam este intervalo que lhe foi concedido e à essa missão que lhe foi confiada, que ora chamamos de vida!

sábado, 7 de abril de 2012

Chuva de Verão, por Edweine Loureiro


Nome: Edweine Loureiro
Endereço: Saitama - Japão
Blog: Edweine Loureiro




Gotas respingam no vidro da janela e de meus olhos, a menina daquela casa não mais existe, eu não existo, o café na chaleira, os chinelos esquecidos, será que na islândia faz sol, uma noite ele foi comprar cigarros e me deixou, foi um verão frio aquele, tenho que acertar o relógio, olha que coisa mais linda mais cheia de graça, adoro tom, acho que vai chover o dia todo, e eu aqui, acorrentada, lendo um Borges que não entendo, tão labiríntico, vai ver também sou labiríntica, sem sol nem praia, só essa chuva, labiríntica…

Folhas Caídas, por Amanda D'Andrea Löwenhaupt


Nome: Amanda D'Andrea Löwenhaupt
Endereço: Pelotas - RS
Blog: Vivendo entre livros




Conforme os dias quentes de verão davam lugar ao agradável frio do outono, pensei que me tornaria capaz de abandonar o passado. Como estava enganada... Certos eventos se tornam divisores de águas em nossas vidas, separando o que éramos antes daquilo que nos tornamos ainda que contra nossa vontade.
Há muito tempo aprendi como esconder meus sentimentos, minha face tornou-se uma máscara impassível e ninguém poderia ver o que havia além dela. Ninguém além dele, é claro. Pode parecer um clichê: a psiquiatra fria e profissional que se apaixona por um de seus pacientes e se prova extremamente sentimental. Mas não foi assim que aconteceu. Nem mesmo agora posso dizer que sou especialmente sentimental, e tenho certeza de que ninguém foi capaz de perceber mudanças em meu comportamento porque elas não ocorreram. Não me tornei outra pessoa, nem mesmo revelei que já era por trás da máscara. Continuei tão afastada dos outros como sempre fui. Talvez por isso ninguém foi capaz de compreender como sua morte me afetou. A diferença estava no que era visto, não no que era mostrado.
Ele era capaz de enxergar além de todas as farsas, além das mentiras inocentes e das não tão inocentes que contava diariamente. Sob seu olhar sentia-me nua, incapaz de esconder até mesmo meus pensamentos mais obscuros. Era ele quem me avaliava, não o contrário.
Por vezes me peguei pensando em como a vida deveria ser devastadora para ele, que não era protegido pelas ilusões que permitem a vida diária. Por ser capaz de observar aquilo que outros preferiam ignorar, foi levado até a beira do abismo. E foi lá que o encontrei.
Pensando em retrospecto, qualquer relacionamento entre nós estava fadado ao fracasso. Eu era sua médica, e respeitava minha profissão demais para ignorar esse fato. Era uma relação platônica, baseada em nossas longas conversas sobre filosofia e sociologia, e em especial sobre o que ele havia feito. Mesmo esse relacionamento tinha todos os motivos para ser encerrado. Atrelar minha existência a alguém que não suportava mais o peso da vida foi uma das decisões mais tolas que já fiz.
Não acredito que tenha de fato atentado contra a própria vida, ao menos não naquele primeiro momento. Creio que só queria ser deixado em paz e pensou que uma ala psiquiátrica era um lugar tão bom quanto qualquer outro para organizar seus pensamentos. Talvez precise acreditar nisso, ou pensarei que tudo o que vivemos foi apenas sua tentativa de me usar para sair daquele local. Muitas semanas depois de nos conhecermos, contou-me que ficou desesperado por não saber como contar para o irmão que seu noivo era um mentiroso que só estava interessado no direito e na influência da família. Quando seu irmão não acreditou no que tinha a dizer e prosseguiu com o casamento apenas para passar por um doloroso divórcio alguns meses depois, não suportou a culpa e cortou um dos pulsos. Meses se passaram antes que me mostrasse a cicatriz e me contasse que sabia que não iria morrer. Era um corte horizontal, sem marcas de hesitação, não muito profundo. E foi ele quem chamou a ambulância.
É claro que só estou tentando racionalizar um comportamento que não teve nada de racional, mas é o único modo que tenho de compreender o que o levou a me abandonar. Por vezes me pergunto até que ponto ele entendia o que existia entre nós. Sei que viu sentimentos que tentei negar muito antes de me tornar capaz de os admitir, mas não sei o que pensava das relações humanas. Sendo capaz de ver além das mentiras e das atuações, não tinha muita fé em relacionamentos.
Era um homem bom, mas nem ao menos sabia disso. Fazia o bem sem esperar nem mesmo um sentimento de gratificação. Os outros o viam como um estranho, até mesmo um louco. E até certo ponto o era. Talvez todas as mentes tão brilhantes funcionem de um modo que chamamos de loucura. Era inteligente demais para seu próprio bem, capaz de fazer coisas que outros consideravam impossível.
Meus próprios pensamentos me parecem desordenados. O que me faz pensar que ele era bom? Seria tão tola ao ponto de acreditar que desvendar verdades que ficariam melhor permanecendo encobertas era um ato de bondade? De fato preveniu muitos crimes e salvou diversas pessoas da ruína em que transformariam suas próprias vidas, mas o fez porque não poderia evitar. Contar o que via era seu modo de manter um fiapo de sanidade, e quando se tornou incapaz de o fazer, tornou-se também incapaz de seguir vivendo.
Lembro-me perfeitamente do que aconteceu. Dois dias haviam se passado desde sua alta, o que me fez pensar que o hospital tivesse cometido um erro, que eu tivesse cometido um erro. Quando o vi pela última vez antes de ser liberado, não imaginava o que iria fazer, talvez porque diferente dele não era capaz de ver o que se ocultava da escuridão das almas alheias.
Só vi o que aconteceu porque como todas as pessoas ele tinha um pouco de maldade. Ele me ligou para garantir que estaria lá, para garantir que veria quando ele pulasse. Talvez quisesse explicar o que iria fazer, mas não soubesse como me dizer o que precisava ouvir. Suas últimas palavras foram: "Sinto muito."
Pela janela, posso ver as folhas caindo. Já estive no interior desses quartos, que agora vejo como celas, muitas vezes antes, mas é fascinante como nossa percepção pode mudar por causa de simples detalhes. A única diferença entre antes e agora é que já não posso mais sair.
Por falta de termo melhor, chamaram minha desilusão de F32.9. Episódio depressivo não classificado. Acho que é mais fácil para eles dar um código e um nome clínico para o que tenho. Assim não precisam admitir que meu problema é que já não há nada por trás da máscara, que minha alma se partiu em um milhão de pedaços e que não pode ser reparada, que meu coração se espatifou naquela rua e que o sangue que escorria para o esgoto era também o meu.
Pensei que talvez o outono fosse me devolver a frieza que ele me fez perder, mas estava enganada. Talvez o inverno seja capaz de congelar os fragmentos de minha alma, assim os juntarei para que formem algo parecido com meu antigo eu exterior, ainda que meu eu interior permaneça além de qualquer salvação.
Enquanto isso ficarei aqui, vendo as folhas caindo.
Vendo as folhas caindo como ele caiu.
Caiu da graça para se provar mortal.
Mortal como todas as pessoas ordinárias que não o compreendiam e pensavam que ele não era como elas.
Caiu e se tornou uma casca vazia atirada na rua.
Caiu e me transformou em uma casca vazia presa em uma cela.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Árvore do futuro, por Diva de Montalbán


Nome: Diva de Montalbán
Blog: Pensamentos de Diva de Montalbán
Endereço: Santos - SP



Já é nova estação. Lá no meu quintal,vou cavar o solo e depositar a semente de uma árvore.
Plantar no outono, a primavera, e vê-la forte e linda no verão que virá.
A enxada foi posta de lado. De joelhos, cobrirei os sonhos com a terra fria e úmida pelas chuvas do inverno, usando apenas  as mãos de castos amores.
Árvore de um futuro próximo. Nela pousará a abelha e o sabiá. O beija-flor sorrirá quando por ela passar, e ao seu redor a grama macia se estenderá.
Da minha janela poderei cuidar dela...perceber a natureza compondo sua harmonia.
Árvore da vida...
E sua sombra será o abrigo para quem busca leveza de um sentimento, alimentado pela fotossíntese dos banhos de sol e de lua...
E o beija-flor?
Já falei do beija-flor... ele sorrirá quando  por ela passar. Será verão...

Minhocas na cabeça, por João Paulo Hergesel


Nome: João Paulo Hergesel
Blog: Joaninha Platinada
Endereço: Alumínio - SP



A perspicácia do Verão foi calorosa. Na distribuição das estações, soube escolher o melhor período, obteve a sorte de trabalhar com a companhia do Sol e ganhou a oportunidade de receber o ano com um sorriso radiante de boas-vindas, bem como a de lhe dizer adeus com um ardente beijo de despedida. Pode, inclusive, se gabar por acolher os três maiores feriados, Natal, Ano Novo e Carnaval. Além de bancar o bonzinho com os jovens por ter abraçado, também, as férias escolares.
Às vezes, porém, o que deveria ser descanso acaba se resultando em tédio. Na chácara do avô, nada para fazer, ninguém com quem falar — nem as três filhas da empregada, de idades consecutivas aos doze anos dele, arriscavam conversa. Para se livrar do contrastante frio do desprezo, distanciou-se da casa e adentrou uma trilha abandonada, onde seguiu até encontrar um riacho.
A grama tão alta parecia estar de pé. Ele deitou o corpo sobre ela, as mãos se fizeram travesseiro, os olhos admiravam as nuvens que bailavam no cenário azul do céu. Coisa mais chata, mas servia para passar o tempo e se esquecer do desejo alucinado de chupar sorvete. A bermuda de poliéster e a camiseta sem mangas deixavam à mostra as pernas e os braços, que já carregavam os primeiros fios da puberdade. Passou quatro horas ali.
Percebeu ter encontrado algo mais que um lugar bonito: descobriu o aconchego. Sentia-se relaxado, a brisa morna fazendo-lhe cair no sono. As pálpebras pesavam, mas antes que elas se fechassem, a bexiga tornou-se um incômodo. A sensação de preguiça era muito boa, por isso cruzou as pernas e tentou enganar o organismo. Há coisas, no entanto, as quais não se adianta nem tentar; impedir a vontade da natureza é uma delas.
O banheiro mais próximo ficava longe, e o barulho da correnteza não contribuía muito para o autocontrole. Teve de tomar uma atitude tipicamente masculina: infiltrando-se entre arbustos e correndo para trás de uma árvore, fez do musgo mictório. Por fim, olhou para baixo — ficou cara a cara com uma minhoca.
Como ela era feia, pobrezinha... e aparentemente estava infeliz; pelo menos não sorria, se é que tinha algum dente para isso. O sol a deixava estorricada e sem forças, um caule de margarida exposto ao calor, completamente murcho. O garoto quis fazer alguma coisa com ela, embora não tivesse a mínima ideia do que pudesse ser feito. A minhoca era indiferente ao olhar do rapazinho.
O som de passos fez o garoto virar-se abruptamente; a minhoca apenas transpareceu um leve movimento. As filhas da empregada apareceram para tomar um banho de riacho. O verde circundava o lugar, e o garoto, espiando entre os vegetais, sentiu seu mundo colorir. Uma morena, uma loura e uma ruiva: sorvete de napolitano em forma humana.
Os olhos brilhantes baixaram e viram que a minhoca havia encontrado sombra e se reidratava aos poucos. Ele baixou a mão direita e a aproximou dela, numa tentativa de brincar — uma brincadeira da qual não sabia certamente quem sairia vencedor. Tomou entre os dedos algo mole e esquisito de segurar.
Voltou a observar entre as folhagens e se deparou com uma imagem nunca vista pessoalmente por ele antes: as camisetas não poderiam ser molhadas, por isso as garotas as tiravam. O garoto colocava um sorriso malandro na face. A minhoca se contorceu, espreguiçando-se, como se a sombra, a temperatura ou algum outro fator do momento fosse responsável por que ela se esticasse.
À beira do riacho, a loura e a morena usavam os delicados dedos para desfazer o nó dos cordões de seus shorts, enquanto a ruiva descia calmamente a saia. O garoto continuava a espreita e se divertia com a cena. Começou a balançar os dedos, uma massagem malfeita na minhoca. Ela, mesmo assim, demonstrava gostar e o recompensava fazendo pequenas cócegas.
Não sabia se ria ou se se segurava, se olhava para a isca de peixe ou para as três sereias. Sem perceber, a situação dos dois novos amigos se inverteu: a minhoca estava rígida, procurando algo para olhar, e ele se contorcia, sentindo uma estranha alegria interior nunca sentida antes.
Reposicionou os olhos a tempo de assistir ao desfecho da cena. As moças analisaram o ambiente e, sem notar a presença do neto do patrão, se desfizeram das roupas de baixo e pularam na água cristalina, refrescando seus corpos.
Uma inesperada e repentina chuva de fim de tarde escorreu de uma nuvem passageira. As garotas saíram espontaneamente do riacho e, vestindo-se rapidamente, voltaram para casa. O garoto permaneceu estático — as gotas do suor imprevisto que vazava da testa se misturaram com as gotas do suor vindo do céu. A minhoca, agora molhada, se encolheu na palma da mão. A mão estava pegajosa — celoma de anelídeo, talvez — e mostrava o poder que ela teria dali em diante.
Perspicaz foi o Verão. Merecedor de uma menção honrosa por representar uma época que é tida, por muitos, como a da descoberta da adolescência.


Direitos Reservados à João Paulo Hergesel

domingo, 1 de abril de 2012

Guerra de Lágrimas, por Thayná A. Caetano




Nome: Thayná A. Caetano
Blog: Kawai Candy
Endereço: Ribeirão Pires - SP



Em um dia qualquer de verão na Alemanha, em 1915, a chuva gélida caía rapidamente lá fora, enquanto eu a observava de janela de casa com meus pensamentos soltos. Hmm... Chuva...
- Ei mamãe, quando o papai vai chegar?
Ela sempre ficava pálida quando eu perguntava isso. Ficava quieta por um tempo, e logo depois respondia "Daqui a pouco, meu bem. Daqui a pouco" Mas daqui a pouco quando? E se começar a trovejar? Quem irá me proteger dessa chuva assustadora, hein? Refletia sobre isso todos os dias enquanto ouvia os tumultos e tiros nas ruas. Mamãe não me deixava mais brincar no parque, ficávamos em casa o dia todo. "Está tudo bem, temos estoque de comida o suficiente para vivermos, filha". Mas porque ficar trancada o dia todo em casa enquanto o dia era tão belo na cidade? Ela não respondia.

"Se não posso ir ao parque, com quem vou brincar?" eu perguntava isso com muita frequencia, e ela apenas colocava a mão em sua barriga enorme e respondia com um sorriso "Com seu irmãozinho. Assim como o papai, ele logo logo vai chegar". Isso é muito tedioso, mamãe! Os dois estão demorando muito! Fico pensando toda hora em que um dia meu irmão vai chegar e, junto com papai, vamos brincar alegremente, como nos velhos tempos. Isso me animava , mas as coisas estavam muito estranhas naquela época. Por qual motivo papai teria saído ás pressas de casa e ficado longe de nós por tanto tempo sem dar noticias? Poxa, já se passou muito tempo! Quando isso vai acabar? Eu não estou entendendo mais nada!

As vezes, quando ficava com insonia, ia para a cozinha pegar um pouquinho de leite para ver se isso me tranquilizaria e, quando passava em frente ao quarto de mamãe, ouvia gemidos e palavras de desespero vindas dela, que sempre chorava e repetia sem parar "Volte para casa, por favor. Eu imploro...". Gostaria de ajudá-la, mas tinha medo de perguntar o que a aborrecia...

Certo dia, uma homem meio velho de bigode que aparentava ter uns 50 anos, e que usava as mesmas roupas que o papai costumava usar, veio em casa para dar um recado para mamãe. Fiquei escondida no quarto observando por uma brecha na porta, enquanto pensava o por que dele estar usando as mesmas roupas do papai. Eles conversaram por uns três minutos. Não entendi muito bem o que diziam, mas mamãe arregalou os olhos ao ouvir as palavras "morto em combate". Logo o homem vai embora e ela corre para o quarto gritando e em pratos. Tentai acalma-la e saber o que estava acontecendo, mas ela não quis me contar. Minha mente estava confusa. Naquela época, mal sabia eu que estavamos em plena Primeira Guerra Mundial e que papai nunca mais iria voltar para casa.


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